a china além da china
destaques política e sociedade

O neerlandês que semeou o comunismo na Ásia

August 9, 2021

O neerlandês que semeou o comunismo na Ásia

Henk Sneevliet, nome de código “Maring”, esteve na fundação dos partidos comunistas neerlandês, indonésio e chinês. Nenhum socialista do seu tempo foi mais preponderante a estender a ideologia marxista-leninista para Oriente. Poucos serão tão mal conhecidos do grande público como ele.

Sneevliet com os dois filhos e a mulher, quando moravam em Semarang, Java

A 10 de Dezembro de 1921, um homem caucasiano e de bigode bem desenhado apanha um barco no porto de Xangai e prepara-se para atravessar as terras do Meio por via fluvial. Faz escalas em Hankou (Wuhan) e Changsha antes de chegar a Guilin, no sudoeste da China. À sua espera, enquanto prepara uma investida para norte, está Sun Yat-sen, pai da China republicana, fundador e primeiro líder do Kuomintang (KMT).
O homem em causa era o comunista neerlandês e enviado de Moscovo Hendricus Josephus Franciscus Marie Sneevliet (n. 1883), Henk Sneevliet, pseudónimo “Maring”, em chinês 馬林 Mǎ Lín, que significa literalmente “bosque de cavalos”. Durante nove dias, Sun e Maring mantiveram intensas reuniões. Discutiu-se economia, estratégia militar e também, pela primeira vez, uma possível aliança entre o Partido Comunista Chinês (PCC) recém-formado em Xangai e o KMT. Sun não se mostrou avesso à ideia de uma frente unida para transformar o país, aventada por Maring (que, já agora, em francês é mesmo o nome de um vento mediterrânico que sopra no Golfo de Leão).
A China soluçava entre a hecatombe da dinastia Qing, o presente assolado por senhores da guerra que detinham o controlo efectivo do território e um futuro incerto nas mãos de movimentos políticos ainda em maturação. Sun Yat-sen olhava estupefacto o modo como as ideias marxistas conseguiam atrair os jovens, quando a seu ver o proposto por Marx “tinha sido tudo dito há dois mil anos nos clássicos chineses”[1] Já Maring, apesar de bem-sucedido na incursão ao sul da China, saía de Guilin mais impressionado com a espectacular região montanhosa nas margens do rio Li que com o estilo de liderança de Sun[2]. A costela militarista do revolucionário chinês não agradou a Maring, que esperava do KMT (e por extensão do PCC) capacidade para atrair não só botas cardadas mas também estudantes, operários e camponeses.

Trabalhadores do mundo, uni-vos

Maring acreditava no poder transformador das massas e quis sempre estar junto delas. Cresceu no tempo das grandes ideologias, os dias dourados dos “ismos” cujas promessas haveriam de conduzir a Europa, a Ásia e outras partes do globo a banhos de sangue para todos os gostos ao longo do século XX.
Filho de um fabricante de charutos, Anthonie Sneevliet, e de Henrica J.W. van Macklenbergh[3], Sneevliet aka Maring não se alongou nos estudos e em 1900 começou a trabalhar numa empresa de caminhos-de-ferro. Desde muito cedo esteve envolvido nos movimentos socialistas e trabalhistas do seu país. Em 1902 juntou-se ao Partido dos Trabalhadores Social Democratas Neerlandeses. A sua amizade com a poeta e pensadora Henriette Roland-Holst levou-o a aproximar-se de ideais mais à esquerda e a formar parte de um grupo oposicionista dentro do partido, alinhado com o pensamento de Rosa Luxemburgo na Alemanha. Mas ao contrário do que aconteceu ali, a cisão no partido neerlandês deu-se antes da I Guerra Mundial.
Aos 27 anos, em 1910, Sneevliet é eleito presidente de um sindicato de trabalhadores das vias férreas e é aí que desenvolve a sua actividade política. Em 1911 junta-se ao Partido Social Democrata neerlandês, nascido da tal cisão e o equivalente ao partido comunista do país, e começa a escrever para a revista marxista De Nieuwe Tijd (O Novo Tempo). Dois anos mais tarde, por não se identificar com a pouca ligação do partido às classes trabalhadoras e imbuído de um qualquer espírito de missão, decide partir para as então Índias Orientais Neerlandesas, território correspondente ao que hoje é a Indonésia.

Contra o colonialismo

O trabalho de Maring na ilha de Java, casa da capital Batavia, actual Jacarta, ficou para a história: em poucas semanas, a determinação de Sneevliet foi suficiente para organizar os trabalhadores dos caminhos-de-ferro e transformar os movimentos sindicais na ilha. Em 1915 funda a publicação Het Vrije Woord (O Mundo Livre), jornal de ideias e de forte carga política. Como aconteceu quase sempre nas colónias geográfica e culturalmente distantes (Macau é disso exemplo com as publicações em português), o jornal era apenas publicado na língua dos colonizadores e portanto apenas legível por uma minoria de locais que dominavam o idioma neerlandês.
Sneevliet permanece em Java entre 1913 e 1918, lutando activamente contra o domínio colonial neerlandês e em favor da autodeterminação dos povos. Em 1914 funda a Associação Social Democrata das Índias, que daria origem ao Partido Comunista da Indonésia, organização política que teria o fim trágico por todos conhecido, erradicada em 1965-66 depois da matança de mais de meio milhão de pessoas “comunistas” às mãos do brutal regime de Sukarno (ver The Act of Killing, de Joshua Oppenheimer).
A Associação Social Democrata das Índias cresce e, depois da revolução russa de 1917, a popularidade das ideias e do movimento encabeçado por Sneevliet em Java começam a preocupar as autoridades coloniais. Maring é convidado a abandonar o território e a regressar aos Países Baixos.
De volta ao país natal, o revolucionário junta-se aos movimentos comunistas através do Secretariado Nacional Trabalhista e ajuda a organizar uma importante greve de transportes em 1920. Nesse mesmo ano, comparece no II Congresso do Comintern em Moscovo, então como representante do Partai Komunis Indonesia, o Partido Comunista da Indonésia. No congresso, Maring é eleito membro do Conselho Executivo da Internacional Comunista[4].
Não há muitos detalhes sobre a sua participação neste congresso onde se apresentaram ilustres como Vladmir Lenine, a sua irmã Maria Ilyinichna Ulyanova, o escritor e activista político Maxim Gorky e o italiano Nicola Bombacci, que décadas mais tarde haveria de alinhar com Benito Mussolini e acabar capturado e morto às mãos de comunistas italianos – o seu corpo foi pendurado e exposto ao lado do de Mussolini na Piazzale Loreto, em Milão.
No congresso, a reputação de Maring pelo trabalho feito nos Países Baixos e ainda mais em Java valeram-lhe a confiança de Lenine, que decidiu ser ele o homem certo para enviar à China e continuar um processo já encetado: o de preparar terreno para a formação do Partido Comunista Chinês.

Sneevliet (em cima à direita, na tribuna) discursa em Petrogrado (São Petersburgo), em 1920. Trotsky faz a tradução para russo.

Na China, sê neerlandês

O Secretariado Oriental do Comité Executivo do Comintern, fundado em Irkutsk, Sibéria, entre 1921 e 1922, foi a fonte mais importante para as actividades do Comintern na China, mas tais actividades continuam envoltas em mistério, como nota o investigador Ishikawa Yoshihiro.[5] Nestes anos de formação do PCC, foram enviados vários emissários do Comintern e da Rússia soviética à China. Se já sabemos alguma coisa sobre Sneevliet ou o seu antecessor Grigorii Voitinsky (considerado um dos fundadores da sinologia soviética), pouco ou nada foi revelado sobre outros homens de origem russa, britânica e coreana que trilharam o mesmo caminho. O Arquivo dos Delegados Comunistas Chineses ao Comintern, devolvido pela União Soviética à China nos anos 1950, contém mais de 20 mil documentos, está depositado nos Arquivos do Comité Central em Pequim e continua vastamente inacessível a investigadores nacionais e estrangeiros que através dele poderiam ter uma imagem bem mais clara dos intercâmbios entre as duas partes.
É tarefa difícil ir além das datas e factos secos da passagem de Sneevliet pela China. Desde logo porque, para além dos relatórios que foi escrevendo, o neerlandês não se alongou em registos autobiográficos sobre este tempo. Depois, porque apesar de haver alguns livros sobre a sua vida e o trabalho desenvolvido – The Origins of the First United Front in China: The Role of Sneevliet, editado por Tony Saich; The Formation of the Chinese Communist Party, de Ishikawa Yoshihiro, bem como duas obras em neerlandês, Henk Sneevliet: Een Politieke Biografie, de Fritjof Tichelman; Henk Sneevliet: Revolutionair, de Max Perthus – a verdade é que, como já vimos, muita papelada daquela época permanece inacessível.
Maring não chegou sozinho à China em 1921. Fez-se acompanhar pelo camarada Vladimir Abramovich Neiman-Nikolsky (1898–1943), ambos com a missão de continuar o trabalho de Voitinsky. É também nesta altura que Zhang Tailei – que viria a morrer poucos anos mais tarde em Guangzhou, Novembro de 1927, como secretário do partido na região, depois de um levantamento falhado por parte dos comunistas – é nomeado secretário da secção chinesa do secretariado soviético em Irkutsk; e Yu Xiusong viaja até à Rússia como delegado da China na reunião da Juventude Internacional Comunista. O processo estava em marcha.
Sneevliet nunca ficou impressionado com o que encontrou na China, tal como os jovens chineses tampouco se deslumbraram com o bolchevique corre-mundos enviado por Moscovo para doutriná-los sobre como fazer a revolução. Nos seus relatórios, Sneevliet nota a ausência de uma classe trabalhadora moderna e aponta uma organização comunista inoperante, revelando-se pessimista quanto às possibilidades do movimento socialista no país.[6]
Maring era um homem directo e algo irascível, arrogante até. Faltava-lhe esse carisma que fermenta nos lábios dos grandes líderes. Hoje dir-se-ia que não era uma people person, como Joseph Estaline foi: amado mesmo depois transformar-se numa avassaladora kill people person (o filme Funeral de Estado, de Sergei Loznitsa, está aí para prová-lo). Se houve, porém, um homem que Sneevliet respeitou e com quem teve afinidades políticas na China, esse foi Chen Duxiu, pensador, poeta e revolucionário, um dos fundadores e primeiro secretário-geral do Partido Comunista Chinês, porventura o nome mais importante desses primeiros passos dados em Xangai no começo da década de 1920.
Um dos factos mais notáveis quando olhamos os primeiros anos da China pós-imperial, depois da queda da dinastia Qing, é estarmos perante um imenso território onde se por um lado mandavam senhores da guerra como os poderosos e infames Yan Xishan, Zhang Zongchang, Wu Peifu e Chen Jiongming; por outro há uma geração de jovens intelectuais imbuídos de ideias mais ou menos progressistas (vários haviam estudado no estrangeiro). Chen Duxiu era um deles e, como Sneenvliet, não se identificava com uma marcha rumo à ditadura do proletariado sob o pulso de um líder forte, rejeitando o culto da personalidade. Sobre ele, o amigo e discípulo Wang Fanxi, citado pelo biógrafo Lee Feigong, haveria de dizer: “A sua natureza essencial [era] ser dirigido pela intuição, falar directamente do coração, evitar papaguear as opiniões dos outros, recusar-se a fazer poses sentimentais e pensar e agir independentemente. A esse respeito, a sua atitude era a mesma de Marx, ilustrada no prefácio de Das Kapital por uma passagem de Dante: ‘Segui il tuo corso, e lascia dir le genti!’”[7] Citar a Divina Comédia numa história pejada de tragédia não deixa de ser paradoxal.
Chen, trotskista que inspirou o Movimento 4 de Maio (1919) com a publicação Xinqingnian (Nova Juventude), carregada de ideias sobre ciência e democracia, foi banido durante anos da narrativa oficial do PCC, para décadas mais tarde, concretamente nos anos 1980, ser recuperado – tão recuperado que a sua ossada foi levada para Anqing, sua terra natal na província de Anhui, com o renovado túmulo a tornar-se uma atracção turística na região. Nos anos 1990, tal era a afluência de visitantes a Anqing que as autoridades tiveram que transladar o túmulo de Chen para um parque antes reservado a imperadores e outras figuras de proa – eis mais uma para juntar à lista de coisas que só acontecem na China.
Chen Duxiu foi um “oposicionista para a vida”, como lhe chamou o seu biógrafo. Esteve contra a governação Manchu, o KMT durante a China republicana e o rumo tomado pelo PCC durante a ascensão comunista. As afinidades ideológicas entre Chen e Sneevliet vieram a comprovar-se anos mais tarde, com Chen a corresponder-se com Leon Trostky, com quem mantinha um trato de admiração mútua; e Sneevliet a fundar nos Países Baixos um novo partido de inspiração trotskista e sindicalista.

Chen Duxiu, um dos fundadores e primeiro secretario-geral do PCC, mantinha correspondência com Leon Trotsky

Na teia do partido

A história do PCC é, como depressa se percebe, um emaranhado de personagens e histórias no qual é fácil perder-se. A sua formação foi anunciada em Novembro de 1920 com a publicação do Manifesto do Partido Comunista Chinês no número inaugural do jornal Gongchandang (Partido Comunista). Mas a falta de fundos e a partida do emissário soviético Voitinsky para Moscovo atrasaram os planos da pequena agremiação de revolucionários. O que relançou o movimento foi mesmo a chegada de Maring e Nikolsky a Xangai em Junho de 1921. Os novos emissários sugeriram de imediato que era preciso convocar um congresso do partido e em Julho a reunião teve lugar.
Mas neste intervalo de tempo, entre 1920 e 1921, quando Chen Duxiu parte para Guangdong e Voitinsky regressa à Rússia, paralisando a marcha comunista em Xangai, acontece um dos fenómenos mais interessantes desta fase: aquilo a que Ishikawa Yoshihiro chama o(s) outro(s) partido(s) comunista(s) da China.
O primeiro registo de utilização da expressão Partido Comunista Chinês (中國共產黨 Zhongguo gongchandang) é de Março de 1912, pouco depois da revolução de 1911, através de um anúncio que pretendia recrutar membros para o partido. Não existem outros registos deste suposto “partido” à época, nem de quem seriam os seus membros.
Depois da revolução russa, o termo “partido comunista” foi à vez considerado imoral por conservadores e apelativo por intelectuais radicais como Chen Duxiu. Além do grupo de Xangai, outras organizações usavam comunismo (共產主義 gongchanzhuyi) nos seus nomes entre 1920 e 1922. Nesta fase ainda não havia um só “partido comunista” na China e é possível identificar movimentos semelhantes em Chongqing (Março de 1921) e uma Associação de Camaradas Comunistas Chineses que surgiu em Pequim em Fevereiro de 1922. De todos estes movimentos alternativos, o mais relevante terá sido o “partido comunista” organizado por Huang Jiemin e Yao Zuobin também em Xangai, que chegou a manter encontros na cidade com Kondō Eizō, emissário do Partido Comunista Japonês, e a enviar um representante (Yao Zuobin) a Moscovo em 1921 para garantir financiamento e granjear legitimidade. Ishikawa Yoshihiro diz-nos que isto apenas foi possível porque os esforços do bloco soviético para fazer germinar o comunismo na China nem sempre foram concertados, levando ao apoio de diferentes facções.

Frente unida

É o Partido Comunista Chinês fundado em Julho de 1921 por Chen Duxiu, Li Dazhao e outros revolucionários que prevalece, mas trata-se, à época, de uma pequena estrutura, sem poder aglutinador num país de dimensões ciclópicas. Maring, consciente disso mesmo, vê nos nacionalistas do KMT os aliados certos para que o PCC possa crescer, estabelecendo-se no sul da China onde a sua força era residual ou nula e pondo em funcionamento uma forte máquina de propaganda que utilize os canais do KMT para chegar às massas.
Este foi o principal legado deixado por Maring na China: ter logrado convencer Moscovo, Sun Yat-sen (os dois milhões de rublos que o KMT recebeu da União Soviética foram um argumento sólido) e os revolucionários de Xangai (entre eles o jovem Mao Zedong) de que a estratégia por si proposta não era sequer a melhor, era a única.
Após inúmeras reuniões, relatórios e viagens entre a Rússia e a China, durante as quais encontrou forte resistência, Sneevliet conseguiu, primeiro, que os membros do PCC fossem autorizados individualmente a alistar-se no KMT, ao mesmo tempo que mantinham o seu vínculo à organização comunista; e, depois, que a 26 de Janeiro de 1923 a Rússia soviética e o KMT assinassem um acordo de cooperação histórico.
Como no caso do Partido Comunista da Indonésia, as intenções de Sneevliet podiam ser as melhores. Os resultados dos seus ‘feitos’ viriam, porém, a revelar-se nefastos. O PCC cresceu de facto por via do KMT, estabelecendo as suas bases junto das massas trabalhadoras. Mas não só as coisas mudaram de figura com as mortes de Lenine em 1924 e Sun Yat-sen em 1925, e a ascensão de Estaline e do generalíssimo Chiang Kai-shek, que a 12 de Abril de 1927 ordenou a matança em Xangai de mais de cinco mil pessoas ligadas ao PCC, espoletando a guerra civil; como a fundação do PCC e subsequentemente da República Popular da China pôs termo a um curto período que, se foi instável, foi ao mesmo tempo de alguma esperança numa China republicana e democrática, algo que nunca viria a concretizar-se.
Maring deixou a China em Outubro de 1923 , ainda descrente na capacidade dos seus camaradas asiáticos: “Não podemos esquecer que os chineses são muito imaturos no que toca à experiência e a maioria carece de conhecimento”.[8] Outra preocupação o afligia : a deriva da liderança estalinista, muito mais interessada em defender os interesses russos do que uma verdadeira internacional socialista – na viagem de ida para Moscovo, Maring encontra-se em Irkutsk com o seu substituto, Mikhail Borodin, momento de grande simbolismo em que o mais internacional dos comunistas de uma geração é substituído na China por um bolchevique do aparelho.

Campanha política de Sneevliet, que lhe valeu em 1933 um lugar na Câmara de Representantes dos Países Baixos

Morrer como um comunista

Desiludido com a União Soviética, em 1929 Sneevliet funda nos Países Baixos o Partido Socialista Revolucionário, assumidamente trotskista e sindicalista, mais tarde dando origem ao Partido Socialista Revolucionário dos Trabalhadores. Sneevliet foi o seu líder incontestado e em 1933, depois de uma forte campanha contra as possessões das Índias Orientais Neerlandesas, conseguiu ser eleito para a Câmara de Representantes. O partido, muito activo durante a década de 1930, especialmente em Amesterdão e com uma publicação periódica – De Baanbreker (O Revolucionário) – a servir de suporte ideológico, acabaria por ser dissolvido dois dias antes da capitulação neerlandesa durante a II Guerra Mundial às mãos da Alemanha nazi, a 14 de Maio de 1940.
Henk Sneevliet, nome de código Maring, comunista e sindicalista convicto, ainda teve forças para lançar a Frente Marx-Lenin-Luxemburg e combater a ideologia nazi através de acções de propaganda e greves. Passou os seus últimos tempos em fuga, escondido, até que em 1942 foi capturado junto com outros membros da frente de resistência. A execução do grupo às mãos dos nazis teve lugar no campo de concentração de Amersfoort KZ, a 12 de Abril de 1942. Os revolucionários terão caminhado para a morte entoando a canção[9] escrita originalmente em francês por Eugène Pottier em 1871: A Internacional socialista.

De pé, ó vítimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
(…)
Messias, Deus, chefes supremos,
Nada esperemos de nenhum!
Sejamos nós quem conquistemos
A Terra-Mãe livre e comum!


[1] Harold Isaacs, Documents on the Comintern and the Chinese Revolution
[2] Timothy Cheek, The Chinese Communist Party: A Century in Ten Lives
[3] John E. Lunn, "Hendricus Josephus Franciscus Marie 'Henk" Sneevliet,", 
    in Thomas Lane (ed.), Biographical Dictionary of European Labor Leaders: 
    Volume 2
[4] Branko Lazitch with Milorad M. Drachkovitch (eds.), 
    Biographical Dictionary of the Comintern
[5] Ishikawa Yoshihiro, The Formation of the Chinese Communist Party
[6] Timothy Cheek,The Chinese Communist Party: A Century in Ten Lives
[7] Lee Feigong, Chen Duxiu, Founder of the Chinese Communist Party
[8] Sneevliet, Letter to Zinoviev, Bukharin, Radek, and Safarov, 
    June 20, 1923, Sneevliet Archive, Number 231
[9] Philippe Bourrinet, Dutch and German Communist Left

 

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *