Apple Daily de HK fecha hoje após detenções e congelamento de contas bancárias
Um ano após a entrada em vigor da controversa lei de segurança nacional em Hong Kong, Apple Daily fecha as portas. A população da região administrativa especial acorreu hoje em massa às bancas para comprar a última edição da publicação pró-democracia.
A tiragem diária do Apple Daily era de 80 mil cópias por dia. Na hora da despedida, a publicação imprimiu um milhão de exemplares, de acordo com uma notícia avançada pela agência Reuters. Ao longo da madrugada e manhã de hoje, a população de Hong Kong acorreu em massa às bancas de jornais para comprar aquela que será a última edição do jornal pró-democracia.
Um ano após Pequim ter aprovado a nova lei de segurança nacional para a região administrativa especial, o Apple Daily anunciou o encerramento. A decisão, comunicada esta quarta-feira, surgiu após 500 agentes da polícia terem entrado, na semana passada, na redacção, detido cinco funcionários e congelado bens da empresa no valor de 18 milhões de dólares de Hong Kong.
O “Apple Daily decidiu que o jornal vai terminar a atividade a partir da meia-noite e que 24 de Junho será o último dia de publicação”, escreveram os responsáveis no portal do jornal.
A decisão – explicaram ainda – “baseou-se na segurança dos funcionários e em considerações ao nível dos recursos humanos”.
O Apple Daily apoiou desde sempre o movimento pró-democracia de Hong Kong. Foi este apoio que levou à prisão do proprietário e fundador Jimmy Lai, que participou nos protestos antigovernamentais em 2019.
Além dos cinco funcionários levados pela polícia na semana passada, ontem as autoridades detiveram ainda Yeung Ching-kee, jornalista que tem publicado artigos de opinião críticos ao regime de Pequim, revela o South China Morning Post.
A controversa lei de segurança nacional para Hong Kong foi aprovada em Junho do ano passado por Pequim, proibindo actos de traição, separação, rebelião, subversão contra o Governo Popular Central, roubo de segredos de estado e actividades com organizações políticas estrangeiras que ponham em causa a segurança do Estado.
Esta iniciativa legislativa tem sido amplamente criticada pela ala pró-democracia de Hong Kong e pela comunidade internacional, que receiam a gradual erosão dos direitos e liberdades da população do território.
Foto de destaque: Edição de ontem do Apple Daily numa banca de jornais em Macau
