a china além da china

A CHINA NO TEMPO – CRONOLOGIA


Na Praça de Tiananmen, a 1 de Outubro de 1949, Mao Zedong proclamou a fundação da República Popular da China. “O povo chinês finalmente ergueu-se”, disse o líder na ocasião. Com o triunfo da revolução comunista, a China, então uma sociedade agrária ultrapassada, entrava numa nova Era, estabelecendo-se como uma das maiores potências económicas da actualidade. É esse caminho de sete décadas – marcado pelo desenvolvimento e pelo fracasso, pela guerra e por outras revoluções – que a partir de hoje o Extramuros vai partilhar com os leitores. Damos início à criação de uma cronologia da história recente do país, começando precisamente pelo dia em que Mao anunciou o despontar da RPC. Todos os leitores estão convidados a contribuir com novas entradas ou informações para o crescimento desta linha temporal, que deverá estar em constante actualização. Pode fazê-lo através do nosso email.

 

                                                                      1949

 

Out, 1

Mao Zedong proclama a fundação da República Popular da China, na Praça de Tiananmen, em Pequim, depois do Partido Comunista derrotar o Kuomintang (Partido Nacionalista).

Ao discurso do líder de 55 anos, que nesse dia vestia um fato castanho, estilo Sun yat-sen, seguiu-se uma parada militar, uma marcha de civis a entoarem músicas comunistas, dança, música e fogo-de-artifício. Estima-se que cerca de 250 mil pessoas tenham participado nestas celebrações. Mao permaneceu na tribuna até às dez da noite.

Dez, 8

Termina a retirada do governo nacionalista (Kuomintang), liderado por Chiang Kai-shek, para Taiwan. Taipé é declarada capital temporária da República da China.

Dez, 10

O Myanmar reconhece a República Popular da China. Trata-se do primeiro regime não-comunista a fazê-lo.

                         

                             1950

Mao Zedong proclama a fundação da RPC a 1 de Outubro de 1949

Foto: Wikipedia Commons – Hou Bo

 

Out, 7

O Exército Popular de Libertação (PLA, na sigla inglesa) da República Popular da China entra no Tibete.

O governo tibetano no exílio e outros movimentos tibetanos anti-China classificam a intervenção militar de invasão de um território soberano. Já o governo chinês defende que se trata da libertação pacífica do Tibete das mãos de um regime opressor.

Nov, 27

O Exército de Voluntários do Povo Chinês atravessa o rio Yalu para assistir as tropas norte-coreanas. A China entra desta forma na Guerra da Coreia (1950-1953).

Mas por que razão a recém-estabelecida República Popular da China decidiu enviar tropas e envolver-se numa guerra que não se realizava no seu território? Pequim mantém-se ainda hoje relutante em revelar documentos que justifiquem a intervenção militar que custou a vida a centenas de milhares de soldados chineses. A versão oficial defende, porém, que a acção era necessária para proteger o país da agressão norte-americana.
Num trabalho académico publicado no Interstate – Journal of International Affairs, da Universidade Aberystwyth (Reino Unido), Bangning Zhou escreve:
“Essa questão é especialmente surpreendente, quando se consideram factos como a economia da RPC estar arruinada, com uma inflação alta, orçamento fiscal extremamente apertado e falta de recursos materiais. A segurança interna e a autoridade do regime encontravam-se ameaçados por vários actos de sabotagem por parte de agentes do Kuomintang (KMT), e o inimigo que a China enfrentava era muito mais forte em termos de equipamento militar e abastecimento logístico. Deve notar-se também que o Partido Comunista Chinês (PCC) se preparava para as batalhas em Taiwan, com o objectivo de unificar toda a China. Em geral, as condições eram altamente desfavoráveis para uma intervenção. Muitos académicos, como Allen Whiting e Hao Yufan, argumentam que o motivo da intervenção chinesa era essencialmente a preocupação com a segurança de uma possível invasão norte-americana em território chinês”.
“(…) O presente artigo defende que três factores principais sustentaram a decisão da China de entrar na Guerra da Coreia: preocupações com a segurança, a necessidade de consolidar o regime e o controlo doméstico do Partido Comunista Chinês e as ideologias defendidas pelos líderes”.

(em actualização)