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Chen Qiufan e Kit Fan no festival literário de Hong Kong. Evento arranca em Novembro com nova direcção

August 19, 2019

Chen Qiufan e Kit Fan no festival literário de Hong Kong. Evento arranca em Novembro com nova direcção

Chen Qiufan e Kit Fan vão marcar presença no Festival Internacional Literário de Hong Kong, que este ano conta com uma nova direcção, depois da edição passada ter ficado marcada pelo cancelamento inicial das sessões de Ma Jian, escritor exilado em Londres e forte crítico de Pequim.

Tem 37 anos, um romance publicado, mas a crítica já o baptizou de “William Gibson da China”. Chen Qiufan, representante da nova geração de autores de ficção científica chinesa, é um dos convidados da próxima edição do Festival Internacional Literário de Hong Kong, que decorre este ano entre 1 e 10 de Novembro. O escritor chinês, natural de Shantou, na província de Guangdong, tem publicado ficção científica ao longo dos anos nas revistas People’s Literature, Youth Literature e Science Fiction World, mas foi com o romance The Waste Tide (2013) que o também tradutor se impôs no género “sino-cyberpunk”. A obra de ficção, traduzida este ano para inglês por Ken Liu, centra-se na relação entre os humanos e a tecnologia e passa-se na Ilha de Silicon, onde é reciclado todo o lixo electrónico do país – desde telemóveis, passando por computadores ou próteses biónicas – e onde vivem milhares de trabalhadores migrantes. “The Waste Tide é tão vibrante quanto ponderado na reflexão que faz sobre os custos ambientais e humanos do capitalismo global”, escreveu Cara Healey numa recensão sobre a obra, publicada na Modern Chinese Literature and Culture, revista online da Universidade Estadual do Ohio.

O regresso de Kit Fan a casa

A organização do festival literário tem confirmada para já a presença de 23 autores. Kit Fan, poeta de Hong Kong a viver no Reino Unido, vai regressar a casa para falar sobre Paper Scissors Stone, obra que venceu o prémio de poesia internacional HKU, e As Slow As Possible, volume de poesia considerado pelos jornais The Guardian e The Irish Times como um dos melhores livros de 2018. Kit está a trabalhar agora num primeiro romance – Diamond Hill – que remonta aos anos 80 do século passado e retrata um bairro de lata em Hong Kong, destruído por uma tríade, promotores imobiliários e monjas budistas.
O autor, que vive há 19 anos em York, no nordeste de Inglaterra, e que escreve frequentemente sobre Hong Kong, disse recentemente numa entrevista à Kitaab, que a mudança mais dramática que registou ao longo dos anos na cidade onde nasceu é política, “especialmente após o movimento pró-democrático dos guarda-chuvas e o envolvimento na política de uma geração mais jovem”. “Costumo imaginar a Lei Básica como uma cápsula do tempo: Hong Kong foi colocada num contentor selado e enterrado no subsolo ao longo de 50 anos. É possível colocar uma cidade e suas almas vivas numa forma de animação suspensa num dos mais velozes tempos em mudança na história da humanidade?”, observou.

Ma Jian no Festival Internacional Literário de Hong Kong / FOTO: Catarina Domingues (Arquivo)

Nova direcção após edição controversa

Além de Kit Fan, outros nomes da literatura de Hong Kong vão marcar presença no evento. É o caso de Mary Jean Chan, jovem poeta e editora, e ainda Stephen Chu, investigador nas áreas do pós-colonialismo, globalização e cultura de Hong Kong, e autor de mais de 30 obras. Os escritores australianos Markus Zusak e Jamie Marina Lau, e os autores norte-americanos Matthew Polly e Dana Thomas integram também a lista de autores convidados desta 19.ª edição do Festival Internacional Literário de Hong Kong, com sessões agendadas no Clube Fringe, na organização Asia Society e no Ateliê K11. Esta edição conta, além disso, com a nova liderança de Fiona Chung, doutorada em Poesia Americana e Composição Musical pela Universidade de Hong Kong e ex-directora de projecto do “Young Reader’s Festival”. Fiona Chung substitui Phillipa Milne, que estava no cargo desde 2015 e cujo mandato ficou marcado pela polémica decisão de cancelar na edição do ano passado a participação do escritor exilado e crítico de Pequim Ma Jian. Após anunciar o cancelamento das duas sessões do autor chinês, o Tai Kwun – Centro para o Património e a Arte, onde decorreu o festival, acabaria por voltar atrás e restabelecer o programa literário. Numa das primeiras declarações sobre o caso à comunicação social, já em Hong Kong, Ma referiu a existência de uma “mão invisível” a controlar as suas aparições públicas.

Pode consultar aqui o programa da 19.ª edição do Festival Internacional Literário de Hong Kong

 

 

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