30 ANOS REVISTA MACAU: A história de “Tia Chencha”

A escritora Ana Maria Amaro transcrevia na edição de Abril de 1988 da revista Macau um conto de tradição oral, intitulado “Tia Chencha”. E iniciava o seu relato com a seguinte descrição: “Naquele dia, o céu de chumbo pesava sobre Macau, prenunciando tufão. Bichos-nune voavam em desatino, sem se saber para onde iam, nem de onde vinham. Na trepadeira velha de flores de panchão cor de laranja, debruçada num muro velho, duas libélulas haviam ficado presas. Olhando-as, da janela do seu quarto modesto do albergue de São Lázaro, D. Beba, enquanto acendia o pavio-china, embebido em óleo, da lamparina de barro vidrado do seu pequeno oratório, dizia com certo receio:

– Tufang tá vem; logo chubê forti forti…. Vôs torná azinha iu-ca casa. Sã diveras perigoso passiá na rua quando sai tufang.” Foi nesse encontro com D. Beba que Ana Maria Amaro ouviu a história de “Tia Chencha”.

 

[Este texto faz parte de uma série do Extramuros em que recuperamos alguns dos momentos que marcaram as três décadas da revista MACAU, uma das mais antigas publicações em língua portuguesa ainda em circulação]

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